Todos os anos se repete o mesmo ritual. Ao soar das badaladas percorro mentalmente os desejos para o novo ano. Este ano tentei que fossem simples, exequíveis e, principalmente, mensuráveis. Queria que exigissem de mim um esforço crescente. Que fossem parte de um processo. Uma evolução. Que no final do ano me deixasse mais perto de quem quero ser. Decidi listar doze tópicos, tantos quantos os meses do ano. Num crescendo de exigência. Começando pelas coisas mais simples e, mês após mês, acrescentando dificuldade. Chegada a meio do ano impõem-se um balanço. Numa tentativa de manter a rota rumo aos desejos mais complexos. Há bons resultados mas também muito por fazer. Principalmente as mudanças de fundo. Há também muitas descobertas. Muitas portas que se abriraram. E também muitos mundos que estiveram ocultos por tantos anos e que agora chegam finalmente à superfície. Ganham forma de caminho. Daqueles óbvios mas nunca me tinha permitido ver. Nunca soube parar o tempo suficiente para me observar de fora. Para ignorar o olhar crítico, toldado pelos juízos que a vida me impôs. Nunca tinha sentido que tudo leva exactamente o tempo necessário para que - no fim - faça sentido. Muitas vezes nos parece que estamos parados mas, na verdade, apenas nos movemos à velocidade possível - ou necessária - para nos levar a bom porto. Somos tantas vezes demasiado exigentes. Tendemos a esquecer que cada acto tem o seu ritmo e, para que tudo fique no sítio desejado, é preciso dar tempo ao tempo. Deixar que o mundo se arrume por si só. Aos pouquinhos. Mas sem hesitações e recuos. Sem medos. Afinal de contas nada há a temer quando reconhecemos a vontade de partir. De avançar. Quando temos um caminho que queremos descobrir. E temos quem nos dê a mão e diga baixinho: vem.
(e ainda falta a metade melhor)
Sem comentários:
Enviar um comentário