Nos últimos meses o tempo tem passado a correr. Os dias seguem-se a uma velocidade vertiginosa. Falta a disponibilidade para as coisas que mais gosto. Aqui e ali lá vou escapando por minutos. Preencho o tempo que me sobra com algo que me devolva o sorriso. E o alento. A coragem para continuar a viagem. Procuro nas noites o calor que me falta. Ontem foi noite de fugir. De me perder novamente. Encher A Noite com palavras. Com imagens que não vão fugir. Ler Al Berto nunca mais será o mesmo. E isso é estranhamente bom...

A queda da laranja provocará o poema?
A laranja voadora é, ou não é, uma laranja imaginada por um louco?
E um louco saberá o que é uma laranja?
E se a laranja cair? E o poema? E o poema com uma laranja a cair?
E o poema em forma de laranja?
E se eu comer a laranja, estarei a devorar o poema? A ficar louco?
[...]
E a palavra laranja existirá sem a laranja?
E a laranja voará sem a palavra laranja?
E se a laranja se iluminar a partir do seu centro, do seu gomo mais secreto, e alguém a [esquecer] no meio da noite - servirá [o brilho] da laranja para iluminar as cidades há muito mortas? E se a laranja se deslocar no espaço - mais depressa que o pensamento e muito mais devagar que a laranja escrita - criará uma ordem ou um caos?
Prefácio para um livro de poemas - Al Berto
"E no entanto, não estou alegre nem apaixonado. Nem me parece que esteja feliz. Escrevo com um único fim: salvar o dia". Al Berto
ResponderEliminar:)
ResponderEliminarmas "dizem que a paixão o conheceu" (...) e que "hoje vive escondido nuns óculos escuros"
...e agora ficávamos aqui noites a fio **